Composição I: Interior
O reparar do ritual bater de cílios e
do lento espreguiçar que se prolonga tanto mais em sua pele
[uma parte minha ainda nesse limiar que se inventa de sono e vigília.
Seus olhos, diz você
mas eu teimo: não são.
Outra vez — bem lentamente — fecho os olhos
e num átimo de instante que beira o invisível me pergunto
[tal qual uma criança
se você estará lá quando os abrir. E abro.
Está — então me abro pra você.
E fecho os olhos outra vez: mas desperta, vigilante
todos os meus sentidos acordados por suas mãos
[e sua boca suas pernas pelas pontas dos seus dedos
Assim?
Mas digo três vezes seu nome
em lugar de responder se gosto ou não
e você gosta do seu nome
quando digo com a voz em seus cabelos
dou a volta por seu nome
e então é muito tarde e [mais uma vez
eu mesma esqueço o meu.