Composição II: Lusco-fusco
parte II de III
O som da respiração direciona meus sentidos: o olhar na penumbra / o toque nos cabelos / minha língua sobre a pele.
[se eu pudesse viveria com a língua em sua pele.
O respiro em minha nuca me lembrando que eu danço em suas mãos:
o cheiro dos meus cabelos se espalhando em seu rosto
e o gosto
se espalhando no meu rosto
[quase sempre inamovível — suave monumento que se mantém silencioso
mas que ao te reter assim,
desmancha].
O som em minha nuca me dizendo:
o cheiro misturado de perfume e suor que é seu cheiro e […]
até que eu ceda e diga o nome
que me desorienta:
o que te faz atender e virar correnteza
bicho
anjo
erva plantada por acaso no caminho.
Enquanto a luz entra pelas frestas e eu desabo lentamente no abismo permitido
digo teu nome porque […]
porque gosto do meu nome dito assim na tua voz
[no meu timbre que te faz pensar nas flores.