Fontes & Taças
Desabo nos caminhos conhecidos e a memória é uma escritura apócrifa que me permito proibir: falho.
Há que se percorrer fontes e taças
capinzais e jardins
no meio do caminho [da rua então
teu olho a espantar cardumes
como se peixes pudessem andar em terras [não podem? por mim podiam.
Há que se percorrer fontes e taças.
Percorro lenta (e por acaso) os tantos lugares que são só meus agora porque […]
— Só hoje/Não.
Queria o hoje porque é tudo que resta
mísero átimo — segundo incalculável de uma distância que ia se produzir porque já se produziu milhares de outras vezes [nunca contigo, eu sei.
Caminho percorro lembro: tantos verbos de memórias-monumentos
e o sentido onde se guarda você me pergunta com os olhos e eu digo não há sentido nenhum
no máximo há saudade ou um tecido um papel um resto de flor morta deixada
Há que se deixar. Há que se guardar fontes e taças.
E consertar o que está torto até que a fonte encha e a taça torne a esvaziar.
Há que se guardar fontes e taças.