Mandinga
Quando meu olhar repousa sobre os fios é porque meu corpo entende primeiro
respiro e espero. Atenta e imóvel.
Os fios alaranjados que me fazem pensar na curiosa Cyperaceae
e como te parece sua radiosa flor, se te parece — o outro nome dela é mandinga e sei que isso também cabe no teu léxico.
Dou um passo atrás para ver o que se esconde atrás dos teus espelhos d’água
[no escandaloso salitre inexplicável da água doce]
ou por trás do pensamento e num átimo percebo: é que eu te grudaria nas margens de um rio
como os que componho e esqueço
ou mesmo então os que se tornam lençóis transparentes sobre meu corpo [queria te cobrir também com eles].
Repasso a imagem da flor — essa bonita Cyperaceae — e penso nos fios
sempre penso nos fios. E na íris que
como a flor
arrebata o sentido do meu olhar: é feitiço, murmuro e deixo.